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A Santa Casa de Misericórdia de Sobral realizou, na última quinta-feira (2), a primeira cirurgia dentro do Programa Agora Tem Especialistas, iniciativa do Ministério da Saúde em parceria com o Governo Federal. O objetivo do programa é reduzir o tempo de espera por atendimentos especializados no Sistema Único de Saúde (SUS). A Santa Casa integra um grupo de dez hospitais privados e filantrópicos que aderiram ao programa, conforme anúncio do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, nesta sexta-feira (3).

A diretora geral da Santa Casa, Renata Morbeck, ressalta a importância da expansão dos serviços para a população. "A Santa Casa de Sobral é uma instituição filantrópica, 100% SUS, que atende à população dos municípios da macrorregião Norte do Estado. Aderir a este programa é fundamental para ampliarmos os serviços de cirurgia e, assim, beneficiarmos um número ainda maior de pessoas, contribuindo diretamente para a redução da fila do SUS."

O primeiro beneficiado foi José Laire de Sousa, de 57 anos, morador de um distrito de Acaraú, localizado a cerca de 110 km de Sobral. Paciente renal crônico, ele foi encaminhado ao Serviço de Hemodiálise da Santa Casa e passou por uma cirurgia de fístula arteriovenosa, procedimento essencial para o tratamento contínuo com hemodiálise. “A fístula é bem melhor pra mim do que o catéter na coxa, que atrapalha até para tomar banho. Quero agradecer ao povo da Santa Casa, que está me tratando com muito carinho e amor”, destacou o paciente.

A cirurgia já era realizada na unidade, mas a adesão ao novo programa vai permitir ampliar a oferta: cerca de 120 procedimentos de colocação de fístula arteriovenosa devem ser concluídos até o final deste ano. A fístula é o acesso vascular mais indicado para pacientes em hemodiálise, proporcionando maior conforto, menor risco de infecção e melhor eficiência no tratamento.

Segundo o médico nefrologista da Santa Casa, Paulo Roberto Santos, o fluxo sanguíneo necessário para uma diálise eficaz é de pelo menos 300 ml por minuto. “O acesso definitivo mais seguro e eficiente é a fístula arteriovenosa. Ela proporciona um ótimo fluxo de sangue e tem baixo risco de complicações”, explica.

Atualmente, a Santa Casa de Sobral acompanha aproximadamente 350 pacientes em tratamento de hemodiálise, que consiste na filtração do sangue de forma artificial, substituindo a função dos rins.

Doença renal crônica é considerada epidemia silenciosa

De acordo com o médico Paulo Roberto, a doença renal crônica pode ser considerada uma epidemia moderna, impulsionada pelo aumento dos casos de hipertensão, diabetes, obesidade e sobrepeso; doenças ligadas diretamente aos hábitos de vida da população. “A doença renal crônica acontece quando o organismo convive por muito tempo com pressão alta, níveis elevados de glicose no sangue ou excesso de peso. A prevenção dessas condições é essencial”, destaca o nefrologista.

Além da hemodiálise, outra modalidade de tratamento mais eficaz é o transplante renal. “Na comparação com a diálise, o transplante renal proporciona maior sobrevida e melhor qualidade de vida”, explica o médico. 

Enquanto o transplante não é possível, o acompanhamento multidisciplinar é fundamental. “O tratamento adequado exige uma equipe composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e nutricionistas. É esse cuidado integrado que garante uma vida com mais qualidade ao paciente em diálise”, finaliza o especialista.